Museus e Palácios

Localizado na zona ribeirinha, o núcleo arqueológico da Casa dos Bicos situa‑se num dos edifícios mais representativos da arquitetura residencial da Lisboa quinhentista, e contém memórias que cruzam vestígios de diversas épocas, alguns com 2000 anos. 

Inaugurado em 2014, o Museu de Lisboa - Casa dos Bicos integra um conjunto impressionante de estruturas arqueológicas de vários períodos e possui em exposição alguns dos muitos objetos encontrados no decurso das intervenções arqueológicas. As escavações realizadas na década de 1980 pelo então Instituto Português do Património Cultural e, em 2010, pelo município, revelaram diversas fases da evolução desta parcela da frente ribeirinha, entre o período romano e a atualidade, e permitiram a musealização de algumas das estruturas identificadas.

Da cidade romana de Felicitas Iulia Olisipo foram identificados troços da muralha tardo-romana e vestígios de uma unidade fabril de preparados de peixe, instalada provavelmente no século I d.C, no sopé da colina, junto à praia fluvial. Conservam-se quatro cetárias, tanques de forma retangular destinados à salga de peixe e à preparação do garum, um molho ou pasta de peixe usado como tempero. A identificação de um troço de muralha e torre de planta semicircular documenta o reforço defensivo que as cidades romanas sofreram a partir do final do século III d.C., num contexto de instabilidade económica, política e militar. 

A progressiva desativação da Cerca Velha neste ponto da cidade, iniciada em meados do século XV, é testemunhada pelo registo arqueológico de várias construções que ocupavam a área intramuros, delimitada a norte pela antiga Rua dos Arcos, próxima à atual Rua Afonso de Albuquerque. Fora da muralha, na praia fluvial, a presença de estruturas precárias e de depósitos de lixo comprovaram as vivências em ambiente ribeirinho. Em exposição, é possível encontrar diversos objetos do quotidiano da Casa dos Bicos, provavelmente utilizados pelos seus residentes até ao terramoto de 1755. Entre eles, destacam-se azulejos provenientes de Sevilha, porcelanas da China, vidros de Inglaterra e cachimbos dos Países Baixos