Dia Mundial do Turismo 2021 | #TimeToEmbrace #TimeToBe

Comemoramos o Dia Mundial do Turismo. Nos últimos anos, a indústria do turismo teve uma enorme expansão e crescimento, por isso é importante sublinhar como a abertura e a inclusão desempenham um papel crucial na melhoria das relações sociais, culturais e económicas. Mas o melhor é deixar que outras pessoas falem sobre a sua vida em Portugal…

Apresentamos Irina, de Moscovo, que escolheu Lisboa para viver.

Ir viver para outro país pode ser tão assustador como entusiasmante. Irina Konova, natural de Moscovo, sabe disto em primeira mão. Durante os seus estudos de Mestrado em Londres, conheceu alguém que mudou o seu destino.

“Em Londres, tive a felicidade de conhecer a minha orientadora de mestrado, uma cientista muito talentosa que, por acaso, era portuguesa. Sugeriu-me que continuasse a minha investigação em Lisboa no ISCTE. Fez rasgados elogios à qualidade do ensino que existia aqui e, uma vez que eu já tinha estado em Lisboa no passado (e tinha adorado), para mim foi fácil decidir que viria tirar o meu Doutoramento aqui. E foi uma decisão feliz: foi lá que conheci os meus melhores amigos.”

A vida raramente acontece de A a Z e o percurso de Irina não foge à regra. Suspendeu o Doutoramento e, neste momento, concentra-se em outros projetos profissionais, como organizar eventos de networking para estrangeiros e locais e dar workshops em arte-terapia.

“Quando era novinha, queria fazer ballet. Costumava ir com a minha avó todos os fins de semana ao ballet em Moscovo. Foi quando me apaixonei por arte e cultura. Lisboa é uma cidade muito cultural e artística e gosto imenso disso. Acredito piamente que a arte pode salvar o mundo.”

Como se isto não fosse suficientemente poético, Irina sugeriu que a nossa entrevista tivesse lugar no Museu Maat, um dos locais mais icónicos da paisagem cultural de Lisboa. Esta paixão por tudo o que é cultura foi uma das forças motrizes para que se sentisse confortável com a cena urbana lisboeta. No entanto, Irina contou-nos que estratégia utilizou para se sentir totalmente à vontade em Portugal.

“O voluntariado. Esta foi, sem dúvida, a melhor decisão que tomei e que me ajudou na integração. Recomendo a toda a gente que faça voluntariado. Ajuda-nos a entender o que vai na cabeça das pessoas. Quando me mudei para cá, consultei a página Bolsa do Voluntariado e encontrei imensas opções. O setor do voluntariado em Portugal é muito desenvolvido e muito bem gerido. É incrível!

O primeiro projeto com que colaborei chamava-se Serve the City, no qual organizávamos lanches com pessoas idosas em Campo de Ourique, no antigo cinema do bairro. Estes encontros aconteciam uma vez por semana e ajudavam a entreter as idosas com música, dança, canto, arte terapia. Era uma bela iniciativa. Depois, colaborei também com a Refood, a famosa ONG que ajuda a criar uma ponte humana entre excesso (evitando o desperdício alimentar) e necessidade (ajudando os que precisam).

Algo que realmente me surpreendeu é que 70% dos voluntários são portugueses. Por isso, torna-se fundamental – se quiser abraçar a cultura portuguesa, se quer compreender mais sobre o sítio em que vive, experimente ser voluntário numa causa qualquer que lhe diga algo. As pessoas que encontrará defendem os melhores valores: generosidade, empatia, cuidar uns dos outros e há sempre um ambiente caloroso e amistoso. E, claro, é uma excelente forma de contribuir para a sociedade."

Irina vive no bairro da Estrela desde o primeiro dia em que assentou arraiais por cá.

“Apaixonei-me pelo Jardim da Estrela. É um verdadeiro jardim tropical. Sabia que existem lá imensos papagaios?”

O amor de Irina pela cidade é palpável. Adora começar o dia a correr no parque ou junto ao rio. Depois do trabalho, aproveita ainda para apreciar o céu de Lisboa. “Parece saído diretamente de uma pintura impressionista, recheado de cores lindas”, confessa risonha.

“Praticamente todos os dias são dias perfeitos, tenho de admitir. Acredito que construímos a nossa própria realidade e eu escolho ser feliz todos os dias. Aqui em Lisboa é fácil: boa comida, boa gente, bom tempo e muita segurança. Depois de me ter mudado para cá, sinto que mudei bastante. Tornei-me mais alegre, mais aberta aos outros, comecei a sorrir mais. A minha criatividade rebentou a escala. Acredito que a cidade e as pessoas que fui conhecendo ajudaram a aumentar os meus níveis de criatividade. Agora não a consigo controlar – tem vida própria!”

Recentemente, Irina recebeu a cidadania portuguesa. Disse-nos, de coração aberto, que foi o momento mais feliz até agora da sua vida em Portugal.

“É uma grande, grande honra. Chorei imenso nesse dia, foi muito emocionante. Fico tão contente por Portugal permitir que nós, imigrantes, possam ter este direito. E, provavelmente, o meu segundo momento mais feliz será no domingo, quando votar pela primeira vez. Será um dia muito importante na minha vida. Agora, sou praticamente portuguesa.”

Fotografias: @nashdoeswork